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quinta-feira, 11 de março de 2010

Celg Passa por Dificuldades

Oferta de energia preocupa empresários

  • 11 Mar 2010
  • Valor Economico
  • (MZ)
  • De Cristalina e Luziânia (GO)

A recente corrida agroindustrial em Goiás tem esbarrado em alguns fatores estruturais limitantes. A oferta restrita de energia, por exemplo, coloca em risco o dinamismo exigido pelas fábricas de alimentos da região. Questõesambientais e a carência de mão de obra treinada também podem limitar a expansão industrial planejada pelos empresários.

Afogada em dívidas estimadas em R$ 5,7 bilhões, a Companhia Elétrica de Goiás (Celg) tem dificuldades para ampliar os investimentos na geração, transmissão e distribuição de energia. “Tem produtor querendo mais energia há dois anos e a Celg diz que não pode atender”, aponta o vicepresidente do Sindicato Rural de Cristalina, Alécio Marostica. “Isso pode limitar nosso crescimento.”

Dono de três unidades no Sul do país, a Conservas Oderich teve que comprar uma caldeira “flex” para abastecer sua indústria de R$ 15 milhões na cidade de Orizona, a 200 quilômetros ao sul de Brasília. “A oferta de energia ainda é crítica por aqui”, diz o empresário Marcos Oderich. “Falta lenha, tem que trazer tudo de fora.” O grupo, que emprega 2,3 mil funcionários no país, gastou R$ 1,5 milhão na caldeira que queima palha de milho, capim e cavaco de madeira. Em Luziânia, a Goiás Verde também precisou investir na construção de uma termelétrica movida a cavaco de eucalipto para garantir a ampliação de suas operações fabris. “A energia é de péssima qualidade”, critica o executivo Carmo Spies.

A Celg informa ter ampliado recentemente a oferta de energia com a inauguração de várias obras, inclusive na subestação de Acreúna, no sudoeste goiano, o que poderia atender parte das reivindicações das indústrias de alimentos. Foram investidos R$ 19,7 milhões nessa obra. Além disso, a Eletrobrás fez uma proposta para refinanciar o passivo da Celg, emprestar R$ 1,35 bilhão do BNDES e renovar a concessão por mais 20 anos. Assim, a Celg entraria em uma nova fase de investimentos para demandas futuras.

À questão energética, somamse dúvidas ambientais, já que boa parte do atrativo para as indústrias é a expansão baseada no uso intensivo da água. Em Cristalina, por exemplo, há 256 córregos, riachos, nascentes e ribeirões. “Isso está equacionado. Temos atendido os órgãos ambientais e garantimos que teremos água suficiente para triplicar o número de pivôs centrais”, diz o prefeito Luiz Carlos Attiê (DEM). Os 570 pivôs da região são abastecidos, segundo ele, por barragens de água da chuva. “E sempre garantimos a vazão dos rios”, diz.

Na tentativa de amenizar os problemas com treinamento e capacitação de mão de obra, as lideranças empresariais locais afirmam que serão abertas 200 vagas para cursos de qualificação profissional ministrados por especialistas do Sebrae e do Senai em Cristalina. Muitos desses novos operários virão da própria cidade. “Temos um acordo com as indústrias para que contratem gente daqui”, diz o prefeito Attiê. E deve haver oportunidades em outros setores. “O setor de serviços está em ebulição”, diz a líder empresarial Joana D’Arc Assad. Os novos cursos também abrangerão áreas como hotelaria, secretariado e atendimento ao cliente. “Estamos atentos à demanda das indústrias e temos nos movimentado para avançar”.

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