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terça-feira, 30 de março de 2010


São Paulo, 26 de Março de 2010 - 14:12

Aneel culpa Furnas por blecaute de 2009 e aplica multa de R$53,7 mi

Apagão deixou 18 Estados sem energia elétrica e teve origem na linha de transmissão de Itaberá
Por Milton Leal
Fonte MaiorFonte Menor
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O blecaute que deixou 18 Estados sem energia elétrica em 10 de novembro de 2009 teve sua origem no desligamento dos circuitos 1, 2 e 3 da linha de transmissão de 765KV de Itaberá, que transporta a energia gerada pela hidrelétrica de Itaipu (14.000MW).
Segundo o relatório da área de fiscalização da Aneel, que foi publicado nesta quinta-feira (25/03), a falha ocorreu porque Furnas, responsável pela operação da linha, executou alterações nas unidades instantâneas de sobrecorrente dos reatores dos circuitos 1 e 2 da linha Ivaiporã – Itaberá, mas não efetuou o mesmo procedimento no circuito 3, como havia sido estipulado pela agência em julho do ano passado. A área técnica do órgão regulador decidiu, devido a esse fato, multar a empresa estatal em R$53,7 mihões.
“No dia 10 de novembro, o ajuste da proteção de sobrecorrente residual do reator do circuito 3 em Ivaiporã não havia sido alterado de 800A para 1600A, quando ocorreu uma corrente de cerca de 1500A, provocando o desligamento do terceiro circuito entre Ivaiporã e Itaberá, abrindo a interligação elétrica entre as duas subestações”, diz trecho do relatório de fiscalização da Superintência de Fiscalização dos Serviços de Eletricidade (SFE) da Aneel.
A assessoria de imprensa de Furnas informou à reportagem do Jornal da Energia que a companhia foi notificada e que irá recorrer da decisão da Aneel. A empresa afirma que o blecaute não ocorreu devido a falhas de equipamentos.
Ainda de acordo com o documento, na ocorrência as proteções dos circuitos 1 e 2 atuaram corretamente. “O circuito 3 desligou pela atuação da proteção de sobrecorrente residual do reator na linha de transmissão no terminal de Ivaiporã, devido à pendência na alteração do ajuste de sua unidade instantânea”, diz outro trecho do relatório.
Os fiscais da Aneel ainda apontam que os relés semi-estáticos que estão instalados nos circuitos 1 e 2 da linha possuem tecnologia obsoleta. “No sistema de Furnas existe uma grande quantidade de relés semi-estáticos com histórico de atuações incorretas nas linhas de 765, 500 e 345KV constatadas em várias ocorrências no sistema de transmissão”.
Raio-x do blecaute
O blecaute do dia 10 de novembro de 2009 ocorrido às 22h13min teve sua origem no desligamento dos circuitos 1, 2 e 3 da linha de transmissão 765KV Itaberá - Ivaiporã provocando rejeição de 5.564MW de geração da UHE Itaipu 60 Hz, bem como a abertura dos circuitos remanescentes que compõem a interligação Sul-Sudeste, em 525KV, 500KV, 230KV e 138KV, interrompendo adicionalmente um fluxo de 2.950MW, no sentido do Sul para o Sudeste e o desligamento dos dois bipolos do Sistema HVDC, que no momento estavam transmitindo 5.329MW. Em função dos desligamentos acima mencionados e das
condições de operação do sistema ocorreram outros desligamentos que acarretaram uma interrupção total de 24.436 MW (40%) de cargas do SIN.
A perturbação teve início com uma falta monofásica (incidência de um curto-circuito - flashover), envolvendo a fase B (branca) e a terra, na linha de transmissão 765KV Itaberá - Ivaiporã circuito 1, localizado no isolador de pedestal do filtro de ondas do terminal da subestação de Itaberá. Antes da eliminação do defeito acima, cerca de 13,5 milissegundos após, ocorreu um novo curtocircuito monofásico envolvendo a fase A (vermelha) da LT 765KV Itaberá - Ivaiporã circuito 2.
Na seqüência, antes da eliminação dos defeitos nos circuitos 1 e 2, houve novo defeito cerca de
3,5 milissegundos depois, envolvendo a fase C (Azul), localizado na Barra A de 765KV da subestação de Itaberá.
A falha da LT 765KV Itaberá - Ivaiporã circuito 1 foi eliminada pelas atuações das proteções principal e alternada de distância, baseadas no princípio de ondas trafegantes, em 48 milissegundos, em ambos os terminais da linha.
A falha na LT 765KV Itaberá - Ivaiporã circuito 2 foi eliminada em 48,8 milissegundos, pelas atuações das proteções principal e alternada de sobrecorrente direcional para faltas desbalanceadas (MOD III-GE), unidades de subalcance em Itaberá e de sobrealcance, associados aos esquemas de teleproteção, no terminal de Ivaiporã.
A falha na Barra A – 765KV, da subestação de Itaberá, foi eliminada pela atuação da proteção Diferencial de Barra local, em 41,9 milissegundos. Decorridos 42,2 milissegundos da eliminação da última falta, houve a atuação da proteção de sobrecorrente instantânea residual do Reator “shunt” da LT 765KV Itaberá – Ivaiporã circuito 3, em Ivaiporã, acarretando o desligamento de Ivaiporã.
Clique aqui para ler a íntegra do relatório de fiscalização
Clique aqui para ler a exposição de motivos.

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