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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Alstom foca ‘redes inteligentes’

Após incorporar ativos da Areva no país, vai ampliar investimento da fábrica de Itajubá em R$ 25 milhões

5 Aug 2010 | Valor Economico | Josette Goulart


Após recomprar o negócio de equipamentos para transmissão e distribuição de energia, vendido à Areva em 2004, a Alstom investe na fábrica de Itajubá (MG) de olho no mercado de “smart grid”.


 Seis anos depois de ter se desfeito de sua divisão de transmissão e distribuição, a francesa Alstom retoma o negócio de transmissão que vendeu para a Areva. No Brasil, a ideia é tornar a nova divisão dedicada ao fornecimento de equipamentos para redes inteligentes. O presidente mundial da recém-criada Alstom Grid, Henri Poupart-Lafarge, diz que pouco vai mudar nas atividades rotineiras que eram da Areva e a estratégia de atuação será pouco alterada. Mas, na fábrica de Itajubá (MG), já está previsto uma ampliação de R$ 25 milhões nos investimentos visando o mercado conhecido como “smart grid”.


SILVIA COSTANTI/VALOR Henri Poupart-Lafarge, presidente mundial da Alstom Grid, diz que negócios no Brasil devem crescer dois dígitos




O foco em redes inteligentes se justifica no Brasil, segundo Lafarge, por conta do crescimento do mercado de energias renováveis, principalmente eólicas. Essa energia precisa ser interligada ao sistema e as redes inteligentes permitem uma maior confiabilidade e estabilidade. Na França, por exemplo, essas redes permitem administrar e prever a produção de energia eólica.
A compra da divisão de transmissão da Areva foi uma operação mundial efetivada no dia 07 de junho, quando a Alstom pagou € 2,3 bilhões e acrescentou um faturamento mundial de € 23 bilhões ao grupo, que é especializado em produção de equipamentos para usinas hidrelétricas, termelétricas e também equipamentos para o setor de transporte. O negócio tinha sido vendido em 2004, quando a empresa entrou em crise e precisava levantar capital. “Na época, ter dinheiro era mais importante do que a estratégia do negócio”, disse Lafarge, que comandava a área financeira da empresa.
A parte de transmissão vai voltar a ser um complemento à Alstom Power. Com a integração das duas unidades será possível fornecer um pacote mais completo aos clientes de produtos e também ganhar competitividade, na visão de Lafarge. Os grandes projetos hidrelétricos no Brasil, que vão requerer grandes investimentos também em transmissão de alta tensão, são os mais visados e a expectativa é de crescimento de dois dígitos das atividades no país.
Entre os contratos brasileiros que herda agora da Areva está o de fornecimento de equipamentos para um dos linhões que vão ligar as usinas do rio Madeira, em Porto Velho, à Araraquara, em São Paulo. O linhão de corrente contínua terá 2.375 quilômetros e o faturamento com esse projeto será de US$ 400 milhões. A empresa ainda tem outros dois contratos de fornecimento de subestações para a Chesf em Suape e um de R$ 45 milhões para o fornecimento de subestação e transformadores de potência para as usinas termelétricas do grupo Bertin, que vão ser instaladas na Bahia.
Os grandes concorrentes da Alstom no mundo são hoje a sueca ABB e a alemã Siemens. No Brasil, tem sido comum as três se unirem para fazer oferta única de fornecimento de grandes contratos. Foi o caso das usinas do Madeira. Mas em transmissão, isso é diferente segundo Lafarge. A concorrência chinesa também não preocupa a Alstom, que vai continuar com a estratégia de ter a base local. “No Brasil, a Alstom Grid vai manter os 1.300 funcionários”, disse Lafarge. “Vamos lutar contra qualquer concorrência.”  

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