Sexta, 01 de Outubro de 2010 00:00
RIO - A Light e a Cemig vão investir R$ 65 milhões em pesquisa e desenvolvimento de uma tecnologia que vai permitir ao consumidor conhecer o seu próprio fluxo de consumo de energia elétrica.
Os medidores inteligentes, que devem ficar prontos para utilização dentro de três anos, vão tornar possível que haja uma cobrança de tarifa diferenciada de acordo com o horário de uso e época do ano, para o caso de grandes consumidores, como indústria.
O smart grid, sistema eletrônico inteligente de monitoramento da rede elétrica, permite que se faça uma melhor gestão do uso da energia. O presidente da Light, Jerson Kelman, cita a aplicação da tecnologia em casos como os períodos de maior seca, em que há menos energia gerada nas hidrelétricas, com maior utilização de usinas térmicas, o que eleva o custo de geração de energia.
"Se a tecnologia já estivesse disponível, por exemplo, alguns tipos de indústria poderiam transferir seu processo produtivo para janeiro, quando não há necessidade de se ligarem as térmicas. Como esse consumidor sobrecarregaria menos o sistema, ele poderia ter uma tarifa mais baixa em janeiro", explicou Kelman.
Para que o consumidor procure ter consciência da importância da gestão do seu próprio consumo de energia, seria necessário, segundo o presidente da Light, dar incentivo de preços, com valores mais baixos para os momentos de menor pico de energia. Nas horas de maior consumo, há também um maior custo para a distribuidora, que precisa se certirficar de que não haverá sobrecarga, nem do sistema em geral, nem de transformadores específicos.
"Isso tudo só funciona se tiver tarifa diferenciada. Você tem que dar um sinal de preço ao consumidor de quanto está custando", disse o presidente da Light. No entanto, para que passe a haver uma cobrança diferenciada por horário ou época do ano, seria preciso modificar a legislação atual.
Outro benefício da nova tecnologia é reduzir o nível de furto de energia, que atualmente é muito elevado. A cada 100 megawatts/ hora distribuídos pela Light, outros 42 MW/H são furtados. Os novos medidores vão ajudar não somente por acompanharem cada consumo efetuado, mas por permitirem que cortes e religações de energia ao sistema sejam feitos remotamente.
A pesquisa para o desenvolvimento da tecnologia levará três anos. No Rio de Janeiro, aproximadamente mil clientes da área de concessão da Light, que abrange 31 municípios, deverão participar do projeto piloto. Deste total, 300 clientes vão testar a automatização total da rede elétrica interna, com uso de tomadas e eletrodomésticos inteligentes. Em Minas Gerais, a implantação do piloto será na cidade de Sete Lagoas e atingirá 2 mil consumidores.
Além da Light e da Cemig, que farão todo o investimento, de R$ 35 milhões e de R$ 30 milhões, respectivamente, estão envolvidos no projeto os institutos tecnológicos Lactec e CPqD e a empresa privada CAS Tecnologia.
Estratégia: Para companhia, oportunidade está na renovação de sistemas antigos usados pelas operadoras
Juliana Ennes
Fonte: Valor Econômico
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