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sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Presença de pequenas centrais (PCH) na matriz brasileira é tímida

20 Oct 2010 Valor Economico(A.V.)De São Paulo


A considerar o potencial hídrico do país, a presença de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) na oferta total de energia do país ainda é tímida. É o que indicam os números do Banco de Informações sobre Geração (BIG) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Nessa modalidade — usinas com potência instalada superior a 1 MW e igual ou inferior a 30 MW e com o reservatório com área igual ou inferior a 3 Km²— , há 695 usinas em operação, com capacidade instalada de 3.389 MW, potência que representa pouco mais de 3% da capacidade instalada do país. Além disso, há outros 69 empreendimentos em construção (889 MW), e outros 215 autorizados (2.108 MW). A expectativa da Associação Brasileira de Energia Limpa (Abragel), contudo, é que as PCHs possam ganhar mais espaço, desde que removidas algumas pedras do meio do caminho. Entre elas, atraso tecnológico, custos, condições de financiamento.

Essas dificuldades ficaram expostas no fraco desempenho das pequenas centrais nos leilões de reserva e de fontes alternativas, quando somente 15 projetos se habilitaram e sete conseguiram fechar contratos. Ao final dos leilões, as PCHs ficaram com um preço médio de R$141,93 por MWh, em relação aos R$ 130,86 ofertados pelos parques eólicos. Contudo, os empreendedores do segmento admitem que perderam competitividade frente a outras fontes.

Opresidente da Abragel, Charles Lenzi, observa que a tecnologia das usinas eólicas avança muito mais rapidamente do que a das PCHs. Ele também insiste na necessidade de redução de custos (R$ 6,9 milhões por MW, numa PCH de porte médio), assim como reivindica a necessidade de obter crédito em melhores condições. No gargalo do financiamento, argumenta que enquanto o fornecimento de energia é contratado por 30 anos, o prazo dado pelo BNDES às PCHs é de 16. Para a associação, o ideal seria que a competição fosse entre as mesmas fontes alternativas, diferentemente da política vigente.

No dia 17 de dezembro está marcado o leilão A-5, do qual as pequenas centrais vão participar apenas com empreendimentos de fonte hídrica. Nessa hora, volta à tona o argumento segundo o qual não há termo de comparação entre grandes usinas e PCHs — essas estão distribuídas pelo país, seu impacto é irrelevante do ponto de vista do reservatório, estão localizadas nas proximidades dos centros de carga (consumidores finais), seus projetos são totalmente sustentáveis e os empreendimentos estão integrados às comunidades onde foram implantados.

“Somadas todas as PCHs, temos a quarta maior usina do país, apenas atrás de Ilha Solteira, Tucuruí e Itaipu”, compara Lenzi. Nas contas da Abragel, mesmo uma oferta de 6.386 MW (entre centrais autorizadas, em fase de análise ou à espera de aceite) ainda está longe do potencial teórico das pequenas hidrelétricas, que gira em torno de 15.000 MW (15 TW). Os desembolsos nas PCHs em operação (3.389 MW) foram da ordem de R$ 17 bilhões a R$ 18 bilhões, entre 2000 e 2010. 

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