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segunda-feira, 15 de março de 2010

BP derrotou pretensões de OGX e Vale na Devon

  • 15 Mar 2010
  • Valor Economico
  • Cláudia Schüffner
  • De São Paulo

A velocidade da avaliação e compra dos ativos da Devon pela britânica BP surpreendeu analistas do mercado e a própria indústria. Ao oferecer US$ 7 bilhões à vista, usando quase todo o dinheiro que tem em caixa, a BP venceu concorrentes de peso: a China National Offshore Oil Corp. (CNOOC), maior das três estatais do setor na China, a mineradora australiana BHP Billiton e as brasileiras OGX e Vale. A rapidez também deixou a ver “navios” até compatriotas, caso da ConocoPhillips, terceira maior companhia integrada de energia dos Estados Unidos, que estava interessada no negócio mas não teve tempo de fazer uma oferta.

O Valor apurou que a empresa do bilionário Eike Batista fez uma proposta considerada muito boa. Não ganhou porque queria apenas os ativos no Brasil — projetos de produção de óleo pesado na bacia de Campos com potencial de pré-sal — , mas a intenção da Devon era desfazer-se de áreas no Azerbaijão e Golfo do México.

O apetite da OGX e da Vale sugere que estão em busca de mais ativos de exploração no país. Procuradas, nem OGX nem Vale comentam o assunto. Novos negócios podem surgir uma vez que existem algumas oportunidades de entrada. Exemplo disso são os ativos da El Paso que estão sendo oferecidos ao mercado. A empresa nega.

Desde 2007, quando fez sua estreia comprando 21 blocos na Nona Rodada de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP), a OGX vem aumentando seu portfólio. No ano seguinte, comprou participação de 50% no bloco BM-S29, em águas rasas da bacia de Santos, tornando-se sócia da dinamarquesa Maersk, que depois vendeu mais 15% da área para a sócia brasileira. No ano passado, a empresa de Batista aumentou sua presença no setor comprando 70% de sete blocos exploratórios em terra na bacia do Parnaíba (MA) que pertenciam à brasileira Petra STR.

Nelson Rodrigues, analista do Banco do Brasil Investimentos, destaca o interesse pelo pré-sal e crê que, dado o porte e volume de investimentos necessários para produzir na área, algumas empresas podem abrir espaço para mais consolidações. Citapor exemplo a portuguesa Galp, terceira maior investidora em Tupi no pré-sal da bacia de Santos, com participações minoritárias nos blocos onde foram anunciadas descobertas gigantes — Tupi, Iara, Júpiter, BemTe-Vi e Caramba. No pré-sal de Santos, a Galp fica atrás apenas da Petrobras (que é dominante) e da também britânica BG. “ Sabemos que os investimentos serão expressivos e que poucas empresas têm a capacidade financeira de uma Petrobras, Shell ou Exxon”, afirma.

Em seu balanço, divulgado quinta-feira, a OGX mostrou um caixa de US$ 4,2 bilhões, do qual US$ 3 bilhões reservados para investimentos em seu programa de exploração até 2013. Já a Vale participa de 16 blocos, tendo como sócias Petrobras, Shell, BP, Ecopetrol, Eni, BG, Repsol, Woodside e Maersk. O objetivo da mineradora é encontrar e produzir gás, que será insumo para gerar energia para consumo próprio.

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