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terça-feira, 30 de março de 2010


Cemig utilizará Light para crescer no setor de distribuição

Estatal mineira admite que está fora da disputa por Belo Monte
Por Milton Leal
Fonte MaiorFonte Menor
Getty Images
A compra da Light pela Cemig vai muito além de uma simples aquisição. A companhia estatal mineira vai utilizar sua nova controlada como veículo de crescimento no segmento de distribuição de energia elétrica. O plano é aproveitar o fato da empresa fluminense ser um ente privado para conseguir acesso às linhas de crédito mais vantajosas que serão utilizadas em futuras aquisições.
A lista de ativos que estão no cardápio da Cemig inclui a Ampla, distribuidora que também atua no Rio de Janeiro, ativos da EDP Energias do Brasil e a Celesc, concessionária de Santa Catarina. Outra empresa que já chegou a figurar como potencial alvo da holding mineira foi a CEB, que atende ao Distrito Federal. “Vamos transformar a Light em uma empresa de crescimento”, afirmou nesta quinta-feira (25/03) o diretor financeiro e de relações com investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla.
No ano passado, a Cemig anunciou ao mercado a compra das participações da Andrade Gutierrez e da Equatorial na Light. Cada uma dessas empresas detinha 13,03% do capital. Com isso, a Cemig passaria a ter 39,09% de ações na companhia, que passaria com isso a ser estatal, já que 23% das ações estão listadas na bolsa e outros 23% estão nas mãos do BNDES.
Contudo, para garantir que a Light continue sendo uma companhia privada, a Cemig montou uma engenharia financeira parecida com aquela utilizada na aquisição da Terna. Uma sociedade de propósito específico (SPE) formada entre Cemig (49%) e o Fundo de Investimento e Participações (FIP) Redentor (51%) será a responsável pela compra dos 26,06% de participação da Andrade e da Equatorial. Com isso, a empresa do Rio de Janeiro continuará sendo privada e terá melhores condições para dar continuidade na consolidação de novos ativos.
Na visão dos diretores da Cemig, todos os novos ativos que a companhia vier a adquirir precisarão continuar sendo privados e deverão demandar o mínimo de capital do caixa da empresa. “Com esse FIP, não precisamos emitir nova dívida para consolidar essa aquisição”, explica Rolla, referindo-se à constituição do FIP Redentor, que já foi registrado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Com relação a opção de venda de ações assinada junto ao outro acionista da Light, o fundo Luce (13.03%), Rolla estrá confiante que os sócios não exercerão seu direito de vender 75% (que representa 9,75% do capital toal) desta participação à Cemig. Caso isso aconteça, o executivo disse que alguma estratégia será definida para manter a condição de empresa privada da Light. “Tenho absoluta certeza de que eles não vão exercer. Queremos eles como sócios”, afirmou.

Belo Monte
O diretor financeiro da Cemig ainda revelou que a companhia não irá integrar nenhum consórcio que vai disputar o leilão da usina hidrelétrica de Belo Monte (11.233MW), marcado pelo governo para 20 de abril. Rolla disse que talvez a Cemig utilize a mesma estratégia do leilão da hidrelétrica de Santo Antônio (3.150MW), quando a empresa se uniu ao consórcio vencedor depois do leilão.
De acordo com Rolla, há possibilidade de, após a realização do certame, a companhia se juntar ao consórcio vencedor. A construtora Andrade Gutierrez, que está se tornando sócia da Cemig ao comprar a participação de 33% que o fundo Southern Electric Brazil detém na empresa, já constituiu um grupo para a licitação do empreendimento, que ainda conta com a Vale, Neoenergia e Alcoa.

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