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terça-feira, 30 de março de 2010


Eletrobras já tem sócio para Belo Monte


Consórcios tem até ao meio-dia para atenderem chamada pública da estatal; Suez ainda é dúvida


  • 30 Mar 2010
  • Valor Economico
  • Josette Goulart
  • De São Paulo

O consórcio formado por Andrade Gutierrez, Neoenergia, Vale e Votorantim para disputar a usina hidrelétrica de Belo Monte já se apresentou à Eletronorte como interessado em ter alguma empresa da Eletrobras como sócia no leilão. Hoje, ao meio-dia, termina o prazo da chamada pública que está sendo feita pela Eletronorte, em nome da holding, para os consórcios se apresentarem. Se não o fizerem até a hora marcada, podem ainda participar do leilão mas sem ter as empresas da Eletrobras como sócia.
Hoje, o governo não terá mais dúvidas se o grupo GDF Suez está disposto ou não a ir ao leilão. É o único grupo que ainda não se apresentou oficialmente ao governo como um possível concorrente. Ter a Eletrobras como sócia é quase uma condição para a disputa, em função do tamanho do projeto, e por isso caso se cadastre para o processo de seleção a Suez dá o aval para a formação do terceiro consórcio na disputa.
O Valor apurou que Camargo Corrêa e Odebrecht também vão se cadastrar, mas vão deixar para fazê-lo somente hoje. A estratégia de deixar para a última hora é mais um artifício no jogo de forte pressão sobre o governo. A meta é que ele atenda algumas reivindicações das empresas emelhore as condições do leilão.
A grande reivindicação dos dois consórcios claramente hoje formados para disputar Belo Monte é que o Ministério de Minas e Energia aceite retirar o risco de submercado na venda da parcela da energia que será destinada ao mercado livre e aos autoprodutores. Mexer nessa regra não altera as condições do edital, e o governo já deixou claro que não vai mexer uma vírgula do documento. Qualquer alteração atrasaria o leilão, marcado para acontecer no dia 20 de abril.
A questão da diferença de submercados é importante para as empresas porque a energia será produzida no Norte do país, mas consumida em sua maior parte no Sul e Sudeste. Os consumidores livres e autoprodutores passam, assim, a correr o risco de submercado. Na liquidação das diferenças, os preços entre as duas regiões divergem em alguns meses, e isso pode fazer com que os interessados em comprar a energia da usina queiram pagar menos para fechar negócio com os produtores. E os próprios autoprodutores, que terão até 10% da sociedade e da energia, ficam expostos a esse risco.
O governo já se mostrou disposto a fazer algumas alterações, como adiantou o “Valor Online” na sexta-feira. Equipes técnicas do Ministério de Minas e Energia estudam a possibilidade até mesmo de corrigir a tarifa pela inflação a partir de dezembro de 2008, a pedido dos consórcios. Mas a expectativa é de que reivindicações como a de eliminar o risco de submercado e a isenção de impostos sejam mais fáceis de serem atendidas. Além disso, se espera uma definição do financiamento do BNDES.
Como ainda há dúvidas das regras de financiamento, as empresas ainda podem desistir de ir ao leilão, mesmo depois de se cadastrarem na Eletrobras para firmar sociedade com a estatal.

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