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quinta-feira, 11 de março de 2010

Mercado troca Vale por Petrobras

  • 11 Mar 2010
  • Valor Economico

Nos últimos dias, o mercado tem visto um movimento que há algum tempo não ocorria: uma procura maior pelas ações da Petrobras do que da Vale. Os números mostram isso. Nos últimos dez pregões, as ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras subiram 9,02% enquanto as PN série A da Vale se valorizaram 6,40%. Só nesta semana, as PN da estatal registram alta de 3,32% e as da mineradora, queda de 0,61%. O movimento de ontem também corrobora a tese — as PN da Petrobras subiram 1,36% e as PNA da Vale caíram 1,27%.

Mas qual seria o motivo de os investidores darem preferência aos papéis da Petrobras depois de passarem vários meses desprezando-os? Os analistas listam uma série de razões. A principal delas seria o fato de o processo de capitalização da companhia se mostrar menos nebuloso do que antes. Primeiro porque o projeto de lei da capitalização foi aprovado na Câmara dos Deputados na semana passada e agora segue para o Senado. A facilidade de aprovação na Câmara surpreendeu uma parte do mercado, que esperava uma dura queda de braço entre os representantes do PT e os da oposição.

Ohumor do mercado com relação à Petrobras também melhorou depois que a corretora do Itaú Unibanco levou na terça-feira alguns clientes a Brasília para conversar com políticos tanto da oposição quanto da base governista. Segundo pessoas que participaram da visita, a conversa foi bastante positiva. A impressão que se teve, segundo essas fontes, é que é razoável esperar que o processo de capitalização seja aprovado rapidamente pelo Senado. “As conversas nos levaram a crer que a aprovação é mais factível do que se imaginava”, diz um dos participantes do encontro.

A outra conclusão positiva dessa conversa é que a definição do preço dos 5 bilhões de barris que farão parte da capitalização deve ser feita da forma mais transparente possível, reduzindo as possibilidades de a Petrobras sair prejudicada dessa operação. De tudo isso, o que não mudou é a crença de que são pequenas as chances de a capitalização sairdo papel antes da eleição para presidente da República.

Sendo otimista, se o projeto de lei for aprovado, na melhor das hipóteses, até maio, a capitalização deve demorar pelo menos mais dois meses para estar na rua, ou seja, em meados de julho. Considerando que as férias do Hemisfério Norte, onde estão os grandes investidores estrangeiros, vão até agosto, é muito difícil imaginar que a operação emplaque ainda este ano. A nova visão dos investidores, no entanto, é que se a capitalização ocorrer ainda em 2010, ótimo. Já se ela ficar para o próximo governo será bom também, uma vez que tira as incertezas da frente dos papéis.

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