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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Encargo financia obras no setor elétrico

Segundo Hubner, com custo camarada (5% ao ano), fundo financia obras de geração, transmissão e projetos de universalização
27 Sep 2010 / O Estado de Sao Paulo / Renée Pereira 

Com o caixa cada vez mais gordo, o fundo da Reserva Global de Reversão (RGR) se transformounuma dasformasmais baratas de conseguir dinheiro no setor elétrico. Segundo o diretor financeiro e de Relações com Investidores da Eletrobrás, Armando Casado, a taxa cobrada nas operações de financiamento para empresas é de 5% ao ano, uma das menores do mercado.

O diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, afirma que, na verdade, o dinheiro da RGR não deveria ser usado para nada. Era para ficar parado para eventuais problemas nas concessões. “Mas ela acabou se transformandonum grande bancopara o setor, com juro bastante camarada para financiar projetos.”

 Especialistas, no entanto, criticam o encargo e questionam se é o consumidor de energia que temdearcarcoma formaçãodesse fundo. O presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, destaca que o encargo está previsto para ser extinto em 31 de dezembro deste ano, mas já há movimento favorável à prorrogação da RGR por mais um tempo. “O que está em jogo é o encarecimento da conta de luz”, destaca ele, lembrando que o encargo já foi prorrogado em 2002.

 Questionado sobre o assunto, em evento realizado na capital paulista, o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, afirmou que a prorrogação dependeria de mudança na lei e que, por enquanto, não tinha nenhuma informação sobre o caso.

 Hoje, a RGR tem participação pequena na conta dos consumidores: só 1,23% do total. Mas, somando todo o mercado, o volume é expressivo, especialmente se for considerada a elevada carga tributária, que já chega a 45% das receitas totais do setor.

Além disso, para um grande consumidor, o recolhimento do encargo pesa bastante nos cofres da empresa, afirma o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa. Segundo ele, hoje o brasileiro paga um encargo para manter o equilíbrio fiscal do governo. “O pior é que isso não ocorre só com a RGR. A taxa de fiscalização recolhida pela Aneel e os recursos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) também são contingenciados. É dinheiro que sai do bolso do consumidor para ficar parado.”

Na avaliação de Pedrosa, o governo transfere para o consumidor uma obrigação dele. Além disso, os encargos sempre surgem com uma causa nobre, como a universalização dos serviços de energia, e depois são destinados a patrocinar interesses locais. Ele cita como exemplo a Conta de Consumo de Combustível (CCC) recolhida no setor para subsidiar as térmicas movidas a óleo diesel e óleo combustível no Norte do País. 

Com a mudança na legislação, o encargo ganhou novas atribuições. Ele vai subsidiar não só os combustíveis como também vai cobrir o custo dos contratos de energia e potência dos sistemas isolados, o custo de manutenção e operação, o custo dos investimentos e os tributos incidentes sobre os combustíveis usados nas térmicas no Norte do país. Isso elevou de R$2,9 bi para R$4,5 bi o valor que os consumidores terão que pagar. 

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