Osalto na construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), obras consideradas de curta duração, estão alavancando o mercado de locação de máquinas e equipamentos para o setor elétrico. Se os processos em análise para a construção dessas PCHs passarem pelo crivo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), esse segmento deverá se tornar ainda mais atrativo nos próximos anos. A estimativa é de Paulo Carvalho, diretor técnico do segmento de gruas da Associação Brasileira das Empresas Locadoras de Bens Móveis (Alec) e diretor comercial da Locabens Equipamentos.
Construir uma PCH leva dois anos em média, tornando a locação mais lucrativa à construtora que a compra desses bens. “Não fosse a morosidade nas licenças ambientais e redução nos leilões, o crescimento de 10% no ano passado sobre 2008 poderia ter sido maior, mas a tendência daqui para frente é de alta acelerada”, garante Carvalho. A ociosidade do setor é estimada em 30%, um índice ainda bastante alto.
Hoje, 372 PCHs operam no Brasil, segundo dados da Aneel, totalizando potência próxima de 3,2 mil MW. Segundo Ricardo Pigatto, presidente Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), os projetos entregues à Aneel, que se encontram em tramitação, com licenças prévias ou de instalação, totalizam 147 PCHs, o equivalente a 2,05 mil MW.
Em construção são 62 usinas, que viabilizariam 754 MW. Considerando as diferentes fases dos processos de análise sinalizados, estão 991 PCHs, que gerariam cerca de 5,2 mil MW. No Rio Grande do Sul, por exemplo, há 21 PCHs em operação, somando 300 MW de geração. Em elaboração ou em análise, são mais 51 projetos, com 332 MW. Sem licença, mas aprovados pela Aneel, são três PCHs (67 MW). Com licença de instalação, mais 16 (227 MW). Em construção, nove PCHs (140 MW).
“São as PCHs que movimentam o setor de locação, porque os construtores de grandes hidrelétricas raramente alugam equipamentos”, explica Carvalho. Estima-se que se os projetos saírem todos do papel, em dez anos essas usinas responderão por 10% da matriz energética brasileira. Atualmente, apenas 2,88% vêm das PCHs. Cada MW de uma PCH instalado implica investimento de R$ 6 milhões.
“O país precisa de energia limpa e barata para continuar crescendo a taxas elevadas”, afirma Enilson Moreira, presidente da empresa baiana A Geradora. A empresa, segundo ele, cresce nos últimos sete anos a uma taxa de 45%. Otimista com o rumo dos negócios, Moreira estima para 2010 um aumento no faturamento superior a 50%.
“Contratar uma empresa especializada, que disponibiliza equipamentos rapidamente, faz toda a manutenção e substituições de máquinas, quando necessário, reduz custos”, diz Moreira.
A seu ver, “terceirizar máquinas e equipamentos é uma tendência mundial”. Segundo Paulo Carvalho, diretor da Alec e da Locabens Equipamentos, o pico do setor se deu em 2009, com as licenças das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, e da hidrelétrica de Estreito, no Maranhão. Mas 2011 também promete. “O mercado está carente de PCHs”, diz. A Locabens já colaborou com a construção de mais de 30 usinas hidrelétricas de pequeno e grande portes, especializada em implantação e operação de gruas.
As duas empresas, Locabens e A Geradora, contam com clientes de peso, entre elas Odebrecht, Camargo Correa, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, OAS, Galvão Engenharia, Mendes Jr. O segmento de locação atende com equipamentos com idade média de 20 anos. “Entre 2003 e 2005, a vida útil dos equipamentos era de 25 anos. Diante da demanda do mercado, o segmento renovou e voltou a investir”, diz o diretor comercial da Locabens. “Nos últimos três anos desembolsamos mais de R$ 20 milhões na renovação dos equipamentos. A meta é fechar 2011 com 200 unidades”, afirma. A Locabens estima fechar 2010 com alta de 10% na receita. Para 2011, prevê crescer pelo menos 15%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário