Geração, transmissão e distribuição estimulam vendas no setor
Empresas fornecedoras de equipamentos para o setor hidrelétrico contabilizam crescimento de até 50% nas receitas e projetam tendência sustentável no aumento de pedidos em carteira nos próximos dez anos. Embora as encomendas ligadas aos maiores empreendimentos — como as usinas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, em Rondônia —, tenham se concentrado no biênio 2009/2010, as companhias contam com novos e grandes projetos pela frente. O principal deles é a hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, que deverá ser a segunda maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A usina está estimada em R$ 19 bilhões e será a maior empresa 100% nacional em capacidade de geração de energia, só perdendo para a binacional Itaipu. Já o PAC 2 prevê a construção de 54 hidrelétricas, totalizando R$ 116 bilhões de investimentos.
“No exercício fiscal 2009/2010, que fechou em abril, a receita da Alstom cresceu 50% em relação aos dois anos anteriores e o setor mostra uma tendência de retomada de grandes projetos hidrelétricos no Brasil”, afirma Marcos Costa, vicepresidente para a América Latina do setor de energia da Alstom Brasil Energia e Transporte Ltda. Além de Belo Monte, em meados de setembro, a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou a homologação do resultado do leilão de hidrelétricas A-5, realizado em 30 de julho. O certame terminou com a contratação de 327MW, a um preço médio de R$ 99,48 por MWh. O valor total dos contratos soma R$ 8,5 bilhões. Os sete empreendimentos vendidos no leilão — três hidrelétricas e quatro pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) — terão contratos de comprae venda de energiacom30 anos de duração, válidos a partir de 1o de janeiro de 2015.
“A tendência de crescimento na área de equipamentos deve se manter por pelo menos dez anos”, afirma Costa. De olho nesse mercado, a Alstom, com fatia de35% nesse segmento, prepara essa expansão há tempos. “Nos últimos dez anos, tomamos decisões de investimentos para atender esse mercado. De 2008 até agora, desembolsamos R$ 200 milhões na construção de três fábricas instaladas em Rondônia, Bahia e São Paulo”, diz Costa. O mercado brasileiro responde por um terço da receita mundial da multinacional francesa na área de hidrelétricas.
“O Brasil é um dos grandes países nos quais a ABB focará nos próximos anos”, afirma Juliano Silva, gerente de mercado de transformadores da ABB Brasil. Apesar de projetar “um ligeiro recuo” no volume de negócios neste ano sobre o anterior, Silva olha para o futuro com bastante otimismo. “O resultado em 2010 deverá registrar uma pequena queda, pois o grande investimento do setor — que é mais em geração e transmissão — teve um recuo, mas na área de transmissão teve alta”, diz.
Ele observa que o futuro aponta para uma tendência muito positiva com grandes investimentos em transmissão e geração atrelados a infraestrutura. “O Brasil vem crescendo fortemente e o consumo de energia aumenta de forma sustentável. Isso vai gerar novos investimentos. O incremento, a partir de 2011, deverá ser de 10% a 15% ao ano até 2015”, garante Silva. Com 4 mil funcionários no Brasil, a ABB conta com duas unidades em Guarulhos e Osasco (SP), além de fábricas em Santa Catarina, Manaus, Bahia e Rio. “Há um cenário de forte expansão da ABB em todo país com a abertura de novas filiais. Haverá aumento do portfólio e da capacidade de produção no Brasil.”
Segundo Manfred Hattenberger, gerente geral para o mercado de eólica da ABB, os investimentos em pesquisa e desenvolvimento correspondem a 4% de seu faturamento global anual. O faturamento global líquido em 2009 atingiu US$ 34 bilhões. “Pesquisa e desenvolvimento somam cerca de US$ 1,4 bilhão”. Hattenberger diz que em 2011 serão lançadas de três a quatro linhas de produtos novos para o mercado brasileiro.
A Siemens Brasil informa que “a demanda está aquecida por diversos projetos em geração, transmissão e distribuição, o que requer investimentos médio da ordem de R$ 150 milhões”. Hoje, os equipamentos e sistemas da Siemens são responsáveis por 50% da energia elétrica gerada no país e por mais de 25% das telecomunicações. No Brasil, o Grupo Siemens, que tem 13 fábricas, faturou R$ 4,5 bilhões em 2009.
Acontinuidade nos investimentos ao longo da década está prevista no PAC 2. O programa de obras prevê a construção de dez hidrelétricas batizadas de “usinas plataforma” e outras 44 à “moda antiga”, totalizando R$ 116 bilhões de investimentos. É no Pará que se pretende construir sete dessas plantas. Estudo feito pelo BNDES indica que grandes projetos de energia e telecomunicações continuarão a liderar a expansão da infraestrutura, que deve receber R$ 274 bilhões em investimentos nos próximos quatro anos.
análise prevê aumento de 37,3% nos investimentos do setor entre 2010 e 2013, comparado a R$ 199 bilhões entre 2005 e 2008. O ano de 2009 ficou fora da comparação, porque os dados não estão fechados. Segundo o banco, do total de investimentos para o atual quadriênio, 33,6% serão destinados a projetos de geração, transmissão e distribuição de energia.
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