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segunda-feira, 29 de março de 2010

APAGÕES

Em São Paulo, consumidor ficou 48 horas sem luz


  • 29 Mar 2010
  • Valor Economico
  • Josette Goulart
  • De São Paulo

Apesar de serem considerados pequenos ou minis, pela área que atingem, os apagões nas grandes metrópoles têm deixado alguns consumidores até dias sem luz. Algumas residências na cidade de São Paulo, atendidas pela AES Eletropaulo, já ficaram até 48 horas sem energia. É tanto tempo sem luz, que outras empresas paulistas, como a EDP Bandeirante, chegam até mesmo se gabar de que apesar do aumento do número de cortes e das tempestades neste verão, não registrou interrupção integral de energia com duração superior a “oito horas” nos 28 municípios que atende no Estado.

Em nenhuma das duas empresas a Aneel registrou até agora problemas de falta de manutenção ou de investimentos. A agência estadual de energia ainda está em fase de fiscalização para verificar o que tem acontecido nessas empresas. Aparentemente, o problema com as chuvas é o fator mais relevante para explicar os cortes em São Paulo. Mas já se sabe, segundo a própria agência estadual de energia, que os investimentos precisam ser reforçados e aumentados.

“Aempresa é que diz o quanto vai investir durante os anos do ciclo de revisão tarifária”, diz o diretor de regulação da AES, Ricardo Mourão. “Mas pode ter de investir mais mesmo sem ter pedido para a Aneel incluir na tarifa.” No caso da Eletropaulo, a empresa investeumamédia de R$ 500 milhões por ano desde o segundo ciclo de revisão tarifária, em 2007. Seu lucro tem sido o dobro disso nos últimos dois anos.

Mas o número de ocorrências cresceu tanto neste verão que a Eletropaulo decidiu abrir uma concorrência para contratar cerca de 40% a mais de equipes para atendimento da população. Hoje são 250, escaladas especialmente para emergências. O diretor-executivo de operações da empresa, Roberto Di Nardo, diz que nos dois primeiros anos após o ciclo de revisão tarifária a empresa tem certeza do investimento que precisa ser feito. Mas na parte final já não existe essa certeza. Ele conta, por exemplo, dos investimentos extras que a empresa teve de fazer em novas subestações, em função do Rodoanel, que levou empresas a instalar galpões na beira da rodovia que vai circundar a capital.

Esses são investimentos que depois podem ser requeridos na tarifa do próximo ciclo, entretanto. A questão da qualidade do atendimento é que preocupa. O problema mais crítico, segundo Di Nardo, tem sido a queda de árvores. “É o Corpo de Bombeiros ou a Defesa Civil que precisam fazer a retirada de uma árvore que cai”, diz. “E o que acontece é que às vezes esse atendimento demora, pois em dias de emergência outros podem ser prioritários”.

De acordo com a agência reguladora estadual (Arsesp), está sendo implementado um novo sistema de fiscalização dos indicadores de continuidade. As regras mais duras vão fazer com que o consumidor seja ressarcido pelo tempo que ficou sem energia. Este novo método sinaliza fortemente à concessionária a necessidade de maior investimento em expansão e manutenção das redes, segundo a agência. “Entretanto, seus resultados ainda estão por vir, pois o novo sistema começou a vigir apenas em janeiro de 2010”, diz comunicado da Arsesp enviado por sua assessoria de imprensa.

A EDP Bandeirante e a AES Eletropaulo enfrentam agora um processo administrativo instaurado pelo Procon. As empresas terão de explicar os cortes de energia. A Eletropaulo diz que não foi notificada e a EDP que analisa juridicamente o caso.

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